terça-feira, 22 de setembro de 2009

Hibiscus, Praia de Ipioca/AL

Nada como fazer algumas loucuras bem sensatas de tempos em tempos. Foi com este espírito que eu resolvi de torrar algumas milhas do cartão fidelidade e passar dois dias de bon vivant em Maceió, a partir de uma oferta irresistível da TAM. Uma decisão que se mostrou mais que sensata naquele final de semana, estatelados ao sol, ouvindo apenas o vai-e-vem magnífico das ondas do mar.

Após conhecer o litoral sul do estado no dia anterior, aproveitei o domingo na Praia de Sonho Verde, lugar belíssimo e mais que perfeito para recarregar as energias para a segunda-feira que já me espreitava na pauliceia. Já no retorno à Maceió, resolvi de aproveitar a dica de uma amiga e visitar o Hibiscus, bar e restaurante de frente para a Praia de Ipioca.

Dentro de um condomínio fechado, o estabelecimento realmente vale a visita. É um lugar para se passar o dia, com lounges de descanso e tudo o mais para o seu conforto. O problema, na verdade, eram dois. O primeiro é que o dia naquelas bandas parece acabar um pouco mais cedo – lá pelas 4 da tarde o sol começa a ir embora e as pessoas idem. O segundo, que os garçons já não estavam com a menor vontade de atender clientes de última hora como a gente.

Com ou sem atendimento, o lugar era ótimo e aproveitei ali mesmo o final da tarde. A estrutura do lugar era tão boa que me fez lembrar que desde a outra praia estava querendo deixar uma lembrança no vaso mais próximo. Nem pensei duas vezes: antes de ser mandado embora, tratei de ir ao banheiro em frente.

Assim como o restante do restaurante, o banheiro também apresentava uma decoração rústica-chique, com vários detalhes em madeira, das portas a pedaços de troncos envernizados e usados como colunas para as cabines.

A iluminação, entretanto, não era das melhores. Talvez pelo horário e talvez pelo fato de eu não ter achado um interruptor à mão, tive que improvisar naquele ambiente à meia-luz. Nada que realmente atrapalhasse uma vez já instalado. O revestimento das paredes, meia-barra, e o chão eram de piso frio, simples, mas atuais. O vaso e o assento brancos e também o rolo de papel daqueles presos à parede também eram bastante funcionais. As duas pias logo em frente às cabines, além de um mictório solitário completavam de modo básico e eficiente as instalações.

Olhando o cardápio minutos depois de deixar aquele banheiro, percebi que os preços eram os mais salgados daquela viagem até então. E, de repente, deixei de fazer questão de ser atendido: desfrutei  da paisagem de graça e saí tal qual entrei sem pagar patacas.

Cotação: 3,5 privadas*
*sendo 1 privada, péssimo e 5 privadas, ótimo!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Viação Cristália - Entre Campinas e São Paulo/SP


Após uma semana em Campinas, eis que já era hora de voltar para estrada. Assim, sábado logo pela manhã, fui até a bonita rodoviária local para pegar um ônibus para São Paulo, onde passaria o sábado e domingo, em um sistema de bate-e-volta que se tornaria rotineiro dali para frente.


Era pouco antes das 11 da manhã quando finalmente entrei no ônibus. Alternativo que sou, deixei de pegar o tradicional Cometa para escolher a valorosa Viação Cristália que sairia um pouco antes. Uma decisão que se mostrou inútil, já que meu ônibus não só chegou atrasado, como ainda saiu depois dele. De qualquer forma, fiquei feliz com O Estado de São Paulo que ganhei logo ao entrar, já que quase 2 horas de viagem podem ser bem maçantes, especialmente sem uma boa leitura.


Seguimos pela Anhanguera, rodovia que não leva mais trema e que me levou para vários destinos nestas minhas andanças. Tamanha intimidade com o percurso, aliada às poucas curvas da estrada e a um catalizador clássico como a leitura de um jornal, fez com que surgisse aquela vontade de ler o caderno de Esporte noutro lugar. Mais precisamente no banheiro, que estava bem ali, ao meu lado.


Tomado pelo impulso, não pensei duas vezes e fui fazer a experiência. De cara, fiquei fascinado pelo total aproveitamento do espaço minúsculo, repleto de compartimentos para serem descobertos. A vista da estrada também era privilegiada da janelinha ao alcance das minhas mãos. Além disso, o assento também era preso por um sistema de molas, que só baixava quando fosse realmente utilizado. Traquitana esta que poderia ser utilizada também em banheiros de casais em que a mulher vive reclamando do seu companheiro, que nunca levanta a tampa do vaso na hora do nº 1.


Sentei e esperei a natureza seguir seu curso, quando percebi que estava por forçar uma barra, por assim dizer. Não era possível. Tal qual Baloubet Du Rouet, refuguei. Pior, tal qual Mercadante, revoguei o que parecia ser irrevogável. Um misto de frustação e prisão de ventre tomou conta de mim, que saí em seguida da cabine. Voltei para minha poltrona, refletindo sobre a oportunidade perdida de um post inusitado. Parecia o fim mas, antes da chegada à Capital, descobri que meu intestino é brasileiro e não desiste nunca.




Voltei para dentro para terminar aquele negócio não resolvido, desta vez com o Caderno 2 na mão. Foi aí que constatei que, mesmo pequeno, eu até que tinha espaço para me movimentar com um certo conforto. Voltei a atentar a praticidade do local a partir do próprio vaso. 


Apesar de ser feito de um material parecido com fibra ou algo assim, sua "cuia" era metálica, provalvelmente a fim de facilitar a sua limpeza posterior. Todo o resto do ambiente ao meu redor usava essa mesma fibra. À minha frente, havia uma barra que devia ser usada, tanto numa manobra mais brusca do ônibus, bem como quando fosse preciso fazer uma força a mais ali. Um pouco abaixo dela, encontravam-se os compartimentos de onde saia o papel higiênico e a lata de lixo, acionada por um pedal, ao alcance do meu pé esquerdo.


Atrás de mim, à esquerda, estava uma pequena pia, bem funcional também, além do espelho e a própria descarga. Dispositivo, aliás, que não sei se é movido à vácuo ou por algum outro sistema, porém, diferente de tudo que havia utilizado até então. 




Na dúvida, em um gesto de boa vizinhança com os poucos passageiros do ônibus, mantive a janelinha aberta para evitar maiores constrangimentos. 


Entre suspenses e reviravoltas, no final tudo acabou bem. E me deixou curioso para, um dia, descobrir como devem ser os banheiros dentro dos aviões de carreira.


Cotação: 3,5 privadas*

*sendo 1 privada, péssimo e 5 privadas, ótimo!