Apesar da empolgação deles, o preço do minicurso estava tão salgado quanto a água da praia logo em frente, o que me fez desistir de participar. Dessa forma, fiquei incumbido de ser o fotógrafo oficial da parte teórica na areia, o que era tudo, menos empolgante. Pior, à medida que ia me entendiando ao ouvir como se equilibrar, manusear a vela e tudo o mais, ia me dando uma vontade incomensurável de procurar um banheiro.
Estava numa situação delicada. Não podia deixar a câmera jogada lá, enquanto eles entravam no mar. Tampouco podia levá-la embora, pois mal sabia onde eles estavam hospedados. Era um dilema que fazia trançar minhas pernas, quando outro mochileiro, esse de Pernambuco, apareceu. Foi a minha salvação – como também era brother deles, deixei com ele a missão de registrar aqueles momentos, enquanto eu ia registrar outro bem mais importante logo ali.
O logo ali no caso era a Vila Kalango, pousada e restaurante de alto padrão, onde os piauienses contrataram o instrutor. Visto que tinha um restaurante e era todo aberto eu, tal qual um cachorro que entra numa igreja, fui entrando como se fosse um dos hóspedes, passando pelas mesas já vazias – eram cerca de 4 da tarde – indo direto e reto para o corredor que me levaria ao banheiro.
E não é que acabou sendo uma escolha mais que acertada? As instalações seguiam uma espécie de decoração rústica-chique. Era tudo feito, basicamente, de barbantes, palhas e madeira trançada, entre quatro paredes bem espaçadas de tijolos, que davam a impressão (e só a impressão, claro) de serem sem acabamento. O chão, daqueles batidos, tinha uma coloração meio mostarda, também interessante.
O vaso, simples, ornava com o restante do local, mas era acompanhado de uma duchinha, para casos mais extremos. O papel higênico era de boa qualidade e tinha ao seu lado uma plaquinha bilíngue, o que mostrava a quem aquele restaurante desejava receber na verdade.
Sua iluminação, toda indireta vinha, parte das frestas da janela acima do vaso, parte das luminárias que ladeavam o espelho. A toalha era limpa e felpuda, uma raridade. E a pia, era uma bacia reaproveitada de modo bastante criativo, bem como a colocação do encanamento e da torneira.
Em meio a tantos banheiros exóticos que experimentei durante aquela viagem até então, esse veio para redimir todos os outros com louvor. Considerando a sofisticação da pousada, deve ser meio caro fazer suas necessidades ali. Mas definitivamente vale a pena, especialmente quando é de graça.
Cotação: 4,5 privadas*
*sendo 1 privada, péssimo e 5 privadas, ótimo!
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