terça-feira, 14 de abril de 2009

Pousada Tirol – Jericoacoara/CE


15h em Fortaleza. Após despedir-me de meu companheiro de viagem, que voltaria naquela noite para São Paulo, eis que iniciava a minha viagem solo para Jericoacoara. A aventura já começa no próprio trajeto, cerca de 6 horas de ônibus, mais 1 hora numa “jardineira”, um caminhão adaptado com bancos na carroceria, por entre dunas e mais dunas. É você, literalmente no meio do nada e num breu danado, ao som do motor, que contrastava somente com o silêncio sepulcral dos passageiros, muitos deles gringos, provavelmente com receio de que se o motorista quisesse, eles nunca mais seriam vistos vivos, no melhor estilo “Turistas”.

Mas tudo isso compensa quando você entra na vila. Eram mais de 22h30 e, do nada, aparece a ruazinha principal, feita somente com a própria areia da praia, toda iluminada pelo comércio, barzinhos e repleta de pessoas, falando todas as línguas do mundo. É simplesmente mágico e só quem conhece lá pode explicar. Mágica que também tive que fazer, ainda que meio abestalhado com aquilo tudo, para levar minha mala de rodinhas por aquele areial todo até a minha pousada, na outra rua.

Chegando na Tirol, tratei de ver o quarto que eu dividiria com mais 3 elementos, que variariam umas duzentas vezes durante toda a minha estada. Os três da vez estavam no décimo sono, assim, tratei de deixar a mala e sair para um primeiro reconhecimento do local. Encontrei a praia, a duna do pôr-do-sol, além de vários carrinhos de bebida, onde fiz logo amizade e, sedento, pedi as primeiras Cubas daqueles dias. Mas, como já era quase 1 da manhã, meu corpo pedia por um descanso pelas horas de ônibus e, principalmente, por um assento no banheiro mais próximo, antes de dormir.

Uma vez que não queria acordar meus colegas de quarto e, à primeira vista, o banheiro do quarto estava um aguaceiro só, resolvi enfrentar o externo, utilizados por quem acampa no albergue.


Tenho que admitir que o aspecto selvagem dele me instigou logo de pronto. Ele era todo feito de palha entrelaçada e madeira, enquanto que por dentro, suas divisões eram de alvenaria. Uma árvore no meio do local funcionava como uma coluna principal. Seu chão era de piso batido, vermelho, daqueles que se encontra apenas em casas bem antigas ou simples. Suas paredes, coloridas, davam um aspecto ainda mais pitoresco. Nada que se compare ao papel higiênico, pendurado de forma engenhosa, em um dos cantos. O vaso deve ter algum histórico de abusos, uma vez que ao seu lado havia um desentupidor pronto, caso a caixa d’água não aguentasse o tranco.




O local era bem ventilado e a noite estava mais que agradável para que eu realizasse minhas atividades, ao som do coachar das pererecas que eu encontrei pelo caminho, mesmo tendo escolhido o banheiro masculino. E, com tantas peculiaridades, ele ainda conseguia ser limpo e agradável o bastante para que eu pedisse bis, sempre que necessário. Recomendável, tanto para os gringos que querem um contato maior com a natureza no nosso Brasil varonil, quanto para quem apenas responde um chamado da natureza.

Cotação: 3,5 privadas*

*sendo 1 privada, péssimo e 5 privadas, ótimo!

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